domingo, 31 de janeiro de 2010

Despentiando dois mil e dez

2010 tem sido avassalador, e eu me dei conta dessa definição pra esse ano que mal começou no meio de montes de gente suadas, encostando umas nas outras, com vontade unicamente de ser feliz e aproveitar o momento. Com uma música alta que estoura os tímpanos, álcool no sangue, idéias na cabeça, movimento no corpo. Uma vez me disseram que eu era avassaladora, e apesar de eu saber qual o significado da palavra, não entendia porque isso se encaixava comigo, nem com a pessoa que me disse, nem com o momento. Mas o momento pra ser avassalador é agora, porque o ano, o tempo, o espaço e a frente de tudo isso as PESSOAS estão sendo avassaladoras. Devastadoras.
Cada uma ao seu modo, tem mexido comigo e me tocado de algum jeito. Tudo isso muito transcedentalmente... E eu tenho gostado. Tudo que é desse jeito despenteia, arranha, desarruma, bagunça, muda, liberta e se entrega. Acho que tudo isso faz parte da verdadeira entrega, porque é impossivel ser levado se não se deixa levar.
Nas minhas resoluções pra esse ano, não tem muitas coisas concretizadas... só algumas que são certezas mesmo. Maaas, de um modo geral eu espero que esse ano despenteie.
Nada de cabelos formais, intocáveis, perfeitos. Torço mais pra que venham a informalidade, o toque, a imperfeição. Como um dread! Nada de escovas, pentiados sofisticados, baby liss. Que seja prático e simplório ao mesmo tempo que seja original e expetacular. A dificuldade está justamente em conciliar pontos tão extremos... Isso pra quem nao consegue enxergar um palmo a frente do nariz e tem torcicolo pra poder olhar para os lados se chama, impossivel. Mas pra quem tem mente aberta que explora todos os lugares e se for preciso olha até debaixo do queijo numa ratoreira só pra sentir a adrenalina isso quer dizer, facilitar as coisas.
Então se está se facilitando, não estou mais diante de uma dificuldade. É só um tipo de abrangencia que envolve tudo.. o bom e o mal, o certo e o errado, o pobre e o rico, a sorte e o azar. O dread e a franja. O mendigo e a burguesa. A paz e o caos.E quando se tem extremos, não se precisa de intermediários.
Eu sempre tive rejeição a intermédios, principalmente por não gostar que ninguem faça as coisas no meu lugar, que ninguem me represente, que ninguem me assuma...Talvez a abrangencia, resultando numa explosão quase perfeita para poucos, seja só uma teoria que eu gosto de me agarrar. Justamente por gostar dos extremos, dos opostos e por não aceitar meios-termos, por estar cansada de ficar na média, por desistir do seguro.
Eu odeio o em cima do muro, por não acreditar nele. Nínguem fica realmente assim, nesse ponto mediano, intermediário. Quem se diz estar em cima do muro é quem tem MEDO! De se assumir, de expor sua opnião. Medo de chocar, de ir contra as regras, de ficar moralmente desgastado.Quem fica nesse ponto apatico, ta querendo mesmo é fazer média. Não quer se meter, não quer se arriscar.
Mas eu prefiro perder cúmplices do que ter traidores. Então podem sair das suas tocas esse ano, que não procuro mais por uma quantidade estragada, apartir do agora busco sim quantidade, mas ela é diferente, é qualitativa. quantificativamente qualitativa.
Eu desejo que esse ano, nas proximas horas, minutos, segundos.. que as máscaras caiam! Chega de tanto fingimento, de tanta tentativa de se padronizar. Não existe um padrão de pessoas, um tipo, uma classificação. Mas isso se aplica a PESSOAS! e não estátuas em busca de uma perfeição inalcançável, para enfim serem colocadas em pedestais... Essas estátuas ainda tentam mostrar alguma humanidade perdida, fora do contexto. Não passam de mármore, cimento e barro.
Eu desejo esse ano me vestir do meu cabelo, não esconder as vergonhas, enfrentar os medos. E se isso acontecer mesmo, a minha única roupa vai estar despentiada!

sábado, 30 de janeiro de 2010

A árvore e a lua

Ontem fui presentiada. O meu presente não foi material, claro, porque se fosse não estaria falando sobre ele provavelmente... Foi um presente à minha alma. Energizante, transendental e explosivo.
Uma mistura, de pessoas, momentos, frases e certezas. Que ficaram marcadas na minha alma como cicatrizes, sempre que eu buscar por um momento de segurança emocional.. talvez eu busque a noite de ontem na minha memória.
Primeiramente, quanto as pessoas, mais especificamente... quatro pessoas. Tão diferentes umas das outras, mas com pensamentos e objetivos, que por mais que esses respingem em todos os lados, como um pincel cheio de tinta sendo balançado perto de uma parede branca.. no final, esses objetivos convergem em um só ponto, que é o mesmo do pincel, ARTE.
Ela que por si só encheria o mundo de cores, sons, gestos, performaces, risos, musica, máscaras... mas ela não age sozinha, ela é tão generosa, tão gigante, tão abrangente... que ela precisa de veículos pra se disssipar, e felizmente, nós na nossa simples condição humana, somos esse veículo! Sorte de quem se descobre na arte, sorte de quem aceita que ela entre na sua vida, sorte de quem se permite expressar, ver, ouvir... viver através da arte! E essas quatro pessoas, me incluindo, permitem isso em suas vidas.
Momentos assim são eternizados, com coisas tão "normais" pra quem não é normal! Porque a normalidade não permite a transgressão de dançar num posto de gasolina, de descer do carro e eternizar, através de uma camera na mão, um lugar de tantas lembranças, quedas e ascenssões. O lugar da nossa própia descoberta, o nosso lugar. Ontem foram ditas muitas frases, muitas delas cantadas, interpretadas... e isso tudo me da a sensação de que talvez eu estivesse fora a muito tempo, e finalmente tivesse chegado em casa. É isso mesmo, casa.
Casa é um lugar onde as pessoas sentem a liberdade de ser elas mesmas. E ontem, eu fui o que sou, mais do que o normal... deixei transbordar minha essencia, pra assimilar a dos outros e fazer disso tudo uma grande coisa indefinida. Não consigo achar palavras pra descrever todos os sentimentos, emoções, toda a ENERGIA.
Enfim, as certezas. A parte mais marcante de tudo, foram as certezas. Acho que caiu um pouco mais da ficha que esse é o nosso destino, e a proximidade dele é muito complexa.
Porque o nosso destino, não está batendo nas nossas portas.
Ele se infiltra pelo buraco da maçaneta, contorna obstaculos, escala os muros, penetra pelas janelas, quebra os vidros, arranca as fechaduras, destrói a cerca elétrica, corrói o que não vai servir para o futuro, combate os nossos cães de guarda indomáveis... o nosso destino é agressivo.
Tive ontem um mero vislumbre dos próximos anos... Como o nosso vislumbre da lua, antes tão linda e inalcançável , agora é só o nossa próxima parada, se for preciso escalaremos árvores e montanhas, para alcançar o nosso limite, o universo.
E a imagem da árvore e da lua ja não nos parece triste, solitária.. porque existe uma corrente, um elo que nos envolve em uma grande energia que transforma tudo em perfeição.
Eis que estamos em busca incessante dela. Somos, até agora, corpos e almas SEDENTAS.


dedico esse texto, às quatro pessoas de ontem. e ao nosso universo particular e infinito.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Intensidade contestada.

A intensidade realmente me fascina, é o meu maior entorpecente. Tudo poderia acontecer intensamente, independente das circustancias, indenpendentemente.
Atos irremediaveis, desejos incontrolaveis, sabe... quando não dá pra segurar, não dá pra adiar. Todas essas definições são engolidas por uma única: intensidade. As vezes se espera semanas, dias, anos... tempo, pra que as coisas aconteçam e quando acontecem nem superam nossas espectativas, porque quando se tem muito tempo pra pensar, quando se cria muita estratégia, se perde o encanto, a espontaneidade.. a intensidade. Mas, quando não se espera, quando simplesmente acontece, sem freios, pudores, opressões. Sem culpa, sem arrependimento. Tem todo um significado que talvez um ano não tivesse tido, que talvez alguém demorasse décadas pra entender... mas bastava uma noite numa praia, um amanhecer entre pernas e barbas, um olhar penetrante: pra que tudo parecesse tão claro, tão simples. Só mais um passo a frente, e você cai no abismo do desconhecido.
Dizem que na escuridão, já que "perdemos" um dos nossos sentidos, os outros ficam mais aflorados. Então, são toques, texturas, sons, sussurros... bendita sinestesia! O desconhecido é assim, e quando parece que vai ficar melhor, muitas vezes acaba. Talvez temporariamente, talvez não.
Quem foi o infeliz que disse que intensidade tinha que estar diretamente relacionada a brevidade? Quer dizer que só porque foi intenso, não da mais pra aguentar muito tempo.. aquelas horas supriram todo o contigente de sentimentos e emoções que poderiam ser arrancadas, mastigadas e engolidas goela abaixo? Então acaba-se rápido, dura-se pouco.
Isso tudo é praqueles que acreditam que a vida toda, vão ter poucos momentos de felicidades explosivas, amores devastadores. Isso é praquelas que não se imaginam encontrando o paraíso, mesmo estando vivos, praqueles que nao veem o sol se por numa mistura de rosa, violeta, amarelo e laranja, praqueles que não sentem o cheiro de grama, e não respiram fundo o ar da manhã com ou sem neblina, pra todos aqueles que nunca deram um mergulho no mar pro sal purificar a alma. Pra todos que não tiveram grandes experiencias.
Eu me recuso a acreditar que a intensidade esteja em pequenos momentos, em breves relances de eternidade, que esteja só nas caixas de som ou só no atrito entre os corpos. Eu prefiro acreditar que ela está em tudo, dependendo de como se ve, se age e se prepara para ela.
Essa é a minha realidade imaginaria, meu paradoxo existencial. Insisto em ver as coisas como eu as imagino, e porque eu imagino eu vivo, e porque eu vivo, elas existem.

Portas entreabertas

Portas entreabertas me aguniam. Elas não são necessariamente um convite pra entrar, apesar de poderem ser, elas são na maioria das vezes fruto da distração ou do esquecimento de alguém.
As coisas em aberto, faladas por alto, indefinidas me dão uma sensação estranha. Quando estão relacionadas às minhas vontades, meus desejos a espera e a incerteza, não me satisfazem. Quando relacionadas aos meus medos e minhas inseguranças, elas os acentuam.
A paciência nunca foi a minha maior virtude, quando me deparo com essas portas entreabertas, tenho uma necessidade quase maníaca de fecha-las ou abri-las. E nesse momento me encontro num corredor cheio dessas portas insuportávies...
O problema de tudo ( e a solução também ), está nas escolhas. Uma sempre vai anular outra. Para cada uma, teremos uma renúncia tambem. É um ciclo excludente, como a vida. Ou como um corredor cheio de portas..Eu nunca renunciaria minhas própias escolhas, pra que a vida me levasse... chega a ser até absurda essa idéia de apatia com relação ao destino que as coisas tendem a ser levadas.
Ouvir aquilo que está nos mais intímo dos nossos desejos, desperta emoções intensas. Mas ouvir as possibilidades das nossas própias possibilidades serem concretizadas, com um tom de casualidade provoca reações muito mais incertas. Pra que a casualidade? Porque esse tom de porta entreaberta? quando o que a gente mais deseja é a concretização dos fatos. Odeio quando as pessoas me causam duvidas, e é ai que entra o mistério delas.. eu tenho uma relação de amor e ódio com esses seres misteriosos. Eu não preciso de mais duvidas do que as que eu ja tenho, e sinceramente elas estão pra doação, porque delas quero distancia! Mas não há como nega-las, e também eu não desejaria ter a resposta pra tudo, porque assim viver perderia toda a graça..
Então, viva as portas entreabertas! Porque um dia quando elas fecharem, outras vão se abrir, ou entao quando alguém girar a maçaneta do lado de dentro vindo na minha direção.. não virá por acaso. Até que alguém saia daqui deixando outra porta entreaberta, e sem respostas. Ai o ciclo volta a girar, que ele continue assim...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Madrugadas Convidativas...

A madrugada tem muito pra dar. É o momento mais mágico do dia, quando tudo realmente acontece.
Os sonhos são muito mais reais quando vividos nesses horários, tão perigosos, pecaminosos, tentadores. A madrugada vai ser pra sempre uma tentação pra mim, ela é convidativa, linda, imensa.. tem algumas que parecem que nunca vão ter fim, e por ironia do destino elas realmente não têm. Pode até ser que o sol venha como uma borracha gigante, quase esmagador, querendo apagar o que aconteceu, mas não... o que acontece de madrugada, é muito mais marcante e faz muito mais sentido, do que a luz que provoca uma cegueira nos sentimentos.
Foi durante algumas madrugadas inesquecíveis que ganhei muitos presentes, derramei muitas lagrimas, ri até chorar e amadureci. Felizmente, tenho tido boas madrugadas. Elas tem sido tão bem aproveitadas que as vezes tenho vontade de pular o dia e ir direto pras minhas horas preferidas, quem mandou eu ser tão noturna...
Mas, é que o dia aqui nessa cidade me cobra muito mais, me obriga a seguir algumas pegadas já muito apagas por mim, que não fazem mais sentido, o dia muitas das vezes é neurante.
Não acontece o mesmo com a madrugada, é impossivel colocar em palavras o quanto elas me deixam louca! Na maioria das vezes consigo ser tão mais eu, eu consigo me expressar melhor.. Ter conversas longas, com descobertas e sinais corporais. Minha tão amada comunicação, que apesar de estar no escuro acolhedor das minhas noites insanas, fica tão mais aflorada. São olhares, palavras, toques... não teriam o mesmo sabor se fosse tudo tão claro, tão explicito.
É dificil eu fazer um ar de mistério, mas eu adoro que façam isso comigo. Eu sou muito escrachada, o que sou mostro logo.. mas nas madrugadas, da pra se mostrar de um jeito diferente, não parece tão simples assim, parece que tem sempre alguma coisa a ser descoberta. Como um pote de queijo ralado embaixo do pano da mesa no meio da cozinha. Nínguem imaginava encontra-lo, nínguem nem ao menos espereva por isso, nem por nada... mas desde aquele momento, você não saíria de lá sem uma prova se quer.
No meu caso, provei demais até querer mais, e nao querer deixar pra trás.
Ahh.. essas madrugadas inevitavelmente inesquecíveis!

Vida comestivel

Eu sempre odiei que a minha vida tendesse a ser cotidiana, cheia de rotinas e mesmisses. Mas, muitas vezes me parece que as pessoas buscam isso como se fosse sua mais ávida missão. Tá certo que tem rotina que é boa, que nos satisfaz, mas quem consegue nunca mudar?
Fazendo um trajeto que tenho feito a mais ou menos um mes, todos os dias, eu fico observando as pessoas, como de praxe, eu acho que esse é o meu hábito preferido, a observação humana. É sempre tudo tão igual na vida daquelas pessoas, os vendedores de fruta esperam o sinal fechar para oferecer vida comestivel por entre os carros, na esquina do cemitério. Os vendedores coco chamam todas as mulheres que passam de "princesas", imagina só se o mundo tivesse cheio de princesas... que caos seria, uma mais egocentrica que a outra. Velhinhos, como eu os amo, caminhando na praça buscando um pouco de saúde em movimento, senhoras gordas e até crianças só andando com um semblante que nem sabem qual é o fim da estrada (e quem sabe?), mas que só continuam. Keep walking. O Walter, zelador do cemitério, sempre por la, aparando a grama para que o nosso terceiro maior musel de artes romanticas a céu aberto do mundo não seja engolido pelo esquecimento.
Logo as perguntas chegam, e elas vem em avalanches, não se contentam com simplicidade. São questionamentos complexos, pra mim, por eu não ter as respostas.
Tudo o que eu vejo daquelas pessoas é só como se fosse um pedaço, uma fatia de pizza: não é a pizza completa, mas já da pra ter uma idéia de como é o resto. Mas em vez de pizza, temos vida. Já da pra imaginar que a vida deles é só aquilo, todo dia eles se condenam em fazer coisas iguais...mas e se não for? e se for, qual motivo? Fico pensando se eles não mudam o agora, porque ja mudaram demais o passado, e agora temem. É tão mais facil ter medo do que coragem, cair no comodismo do que mudar alguma coisa, deixar nas mãos dos outros do que fazer por si mesmo.
Eu desejaria até o instante da minha morte que nunca agisse assim, mas será essa a nossa sentença de morte? O que realmente determina o que é a nossa ávida missão terrestre? Bom, quando eu chegar no céu ou no inferno, ou até a mesa de um bar hoje a noite, talvez eu tenha as respostas.. talvez não.