domingo, 25 de julho de 2010

Pequena Grandiosidade


Hoje mais ou menos seis horas da manhã, pisei no calçadão do arpoador. Ao chegar o céu estava escuro e do meu lado direito eu via lua se pondo, e fiquei intrigada com esse fenomeno tão raro na minha vida, por que essa hora eu geralmente estou dormindo ou ocupada com outras coisas. E tava tão lindo! Uma lua linda, grande e amarela.
Fui andando e do lado esquerdo começava a clarear um céu matinal. Eu respirei fundo, e com o barulho das ondas como inspiração pensei na pureza daquele momento, o ar que entrava pelo meu nariz parecia inundar todo o meu corpo e minha alma de algo que não sei explicar o que era.. pureza mesmo, eu acho. Me senti limpa, parecia que em cada inspiração eu me renovava, e o melhor de tudo é que na expiração eu não parecia perder a energia e sim devolve-la ao universo de forma a acrescentar algo de positivo.
Nesse momento eu me apercebi da importância que tenho para as energias do mundo, e a recíproca disso. Cada pessoa é uma peça singular nesse quebra-cabeça energético, cada um emite uma coisa só sua para contribuir de alguma forma numa perspectiva maior. Olhando de uma forma "micro", o meu ser era inundado com tudo que estava a minha volta, e eu sentia como se fosse explodir de coisas boas! Meu Deus, que sensação incrível! E transportando isso para uma forma "macro" toda energia contida em mim, eu queria exteriorizar para todos os cantos desse universo. Complexo, muito complexo.
Mas foi essa a maneira que encarei essa recarga de energias vindo da natureza diretamente para mim.
Na maioria das vezes a gente se deixa passar desapercebido por tudo, fica pensando "mas será que isso vai acontecer comigo?", ou então que a gente não faz diferença nem uma e que não muda nada. Enquanto que a verdade é que tudo que a gente transmite, passa a ser real.
Hoje pensei em milhares de coisas boas para toda humanidade, e quero de verdade que esses pensamentos tenham sido levados pelo vento frio, pelas ondas, pelos pássaros, pelas pessoas.
Além de todos esses pensamentos amplos, eu queria também ter desejado amar aqueles que estão perto de mim da melhor maneira possível, respeitar o próximo, saber conviver com as diferenças e adversidades. Tem tanta coisa que é preciso pra melhorar tudo, mas eu quero sempre pensar que eu posso colaborar de alguma forma, pra que nunca me deixe cair em um comodismo sínico.
Como já diria o grande mestre, Nelson Rodrigues: "amar a humanidade é fácil; difícil é amar o próximo", realmente é. Mas a gente tenta..

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Mulheres indomáveis: Mulheres.






Mulheres... O que eu poderia falar sobre nós?
É completamente impossível querer generalizar as mulheres, mas uma característica temos em comum, todas as mulheres necessitam ser fortes para sobreviver.
A começar com o fato de se tornar uma mulher. Como as meninas se tornam mulheres? pergunte a cada menina que você conhecer, que tenha se tornado mulher, e ouvirá milhões de respostas diferentes. Algumas dirão aspectos físicos, como menstruação, ou o crescimento dos seios. Outras associarão ao rompimento do hímen. Eu diria que me tornei mulher, quando meu psicológico aceitou a idéia e acatou com muita ênfase.
Quando passei a respeitar a mulher que sou, e valorizar-me, eis que uma mulher surgiu.
Todas as meninas dão lugar às mulheres que existem dentro de si, quando são testadas pela vida, quando necessitam fazer aparecer sua força, sua perseverança, sua garra. Se todas essas características não fossem atribuídas a nós, não existiria um ser vivo no universo, por que para semear vidas, cultivá-las e amadurece-las é preciso não uma ou duas, mas milhares de mulheres.
A primeira mulher é a mãe, que "gera seus filhos em meio a própria dor". Depois todos os braços femininos em que as vidas percorrem até chegarem ao momento de seguir sozinhas.E então, uma mulher feita, com todos seus truques.
Dentro de mim, tenho um milhão de possibilidades de existência feminina, sou em algumas ocasiões cigana, ás vezes sou uma hippie antigona, sou muito menina, entre muitas outras. Gosto de ver as personalidades das mulheres ao meu redor, por isso me enriquecer de uma forma que não consigo explicar.
Toda manhã, quando entro no vagão das mulheres no metrô, fico observando cada uma. A forma com que a sobrancelha é tencionada, uma ruga a mais no canto dos olhos, a cor do cabelo, as unhas.. Ah, como as unhas falam das mulheres. Primeiro por que, mostram o nosso fraco para a vaidade, um quê de necessidade de aparência agradável. Depois, por que a escolha da cor da unha, diz muito sobre o que a mulher está sentindo, ou a que público quer atingir. (Sim, mulheres em geral precisam de um platéia, sejam ela formada por marido, filhos, amigas ou animais).
Cores claras como renda, branco, bege, rosinha vão para as mais delicadas, ou que querem parecer delicadas.
Preto, para as rebeldes, ou que estão pensando sacanagem.
Vermelho, geralmente para atingir algum homem com pontos fracos com essa cor. E também por que é muito bonito.
Rosa pink, laranja, verde, azul, amarelo para as alternativas, veraneias, na moda, etc. (amo!!)
E por ai vai.. mas pra quem pensa que as mulheres são só esses milhões de aparatos de moda, roupas e futilidades, tente desconstruir tudo isso, e vão achar uma beleza que não pode existir em outra raça. É uma verdade universal, um tipo de força que envolve todos esses seres tão misteriosos, tão fascinantes.
E, eu poderia falar horas de todos os conflitos que uma mulher pode passar, tudo o que vem de ruim que nos torna cada vez mais forte. Mas prefiro deixar aqui, minha marca registrada de admiração a TODAS AS MULHERES DO MUNDO. Que a cada dia que passa, e como nunca, me encantam com suas capacidades de se reinventar. E que nem uma mulher possa um dia se deixar abater por falta de valorização, ou por algum tipo de menosprezo.
As vezes penso que queria ser homem, e que seria tudo bem mais fácil. Mas, "ser assim é uma delícia".

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mulheres indomáveis: coroação lilás.


" Minha juventude transpassa por várias variações de humor, entre grandes depressões e euforias, eu encontrei uma pessoa, só uma que me deixava estável. Tinha uma barba mal feita, e é assim que eu posso descreve-lo melhor, por que aquela barba... ah, aquela barba mexia comigo de uma maneira indecifrável! Mexia com meus sentidos, de uma certa forma que meu humor, muito vacilante, ficava péssimo quando ele a tirava. Bons tempos. Mas de toda minha jovialidade, de todo meu gás, de todos os meus dias e estações, uma noite me prende em memórias deliciáveis e um tanto quanto nostalgicas. São a semente que o tempo plantou em mim.

Tinha um apartamento em reforma, um colchão com plástico ainda, um quarto branco vazio, fazia frio... nós dois prometemos não ultrapassar nossos limites, queriamos só ficar juntos.Conforme o tempo foi passando ou a nossa presença, um para o outro, era muito forte. Ou o nosso desejo era incontrolável. Fomos ficando cada vez mais próximos, minhas terminações nervosas clamavam pelas dele, e acho que era recíproco.

Minhas pernas abertas formavam um trono, ele parecia seguir para sua coroação... seu rosto afundou em um trono sedento. O movimento era quase que poético, sincronizado, perfeito. Era uma névoa lilás, que envolvia aquele gesto com tanto significado. Eu não precisava de mais nada, tinha minha matéria totalmente satisfeita e um lúdico, um irreal que passava na minha mente.

Um príncipe, coroado com meu clitóris.

Depois deitados, sentindo a respiração um do outro, pensei que não conseguiria sair dos seus braços nunca mais, que adormeceria em sono profundo, e que meus sonhos seriam cheios de margaridas, chá das cinco, biscoitinhos. Seria de época, seria branco. Eu estava em um tipo de extase que tudo que eu mais amava iria brotar em meus pensamentos, mas aquele dia estaria em um ponto mais alto, estaria muito mais brilhante.

A dimensão era outra, parecia que não faria parte de mais nada, que não pareceria com mais nada. E, fatalmente, não pareceu. Eu sonhei com aquela noite, vários sonhos inquietos, várias vezes acordei suando, revoltada e outras conformada com aquilo que ja tinha sido, e com o que viria. Ninguém mais bateu na minha porta e me ofereceu tanto como aquele dia. E só não tenho muito o que falar o fato, o acontecimento, é simples, pequeno mas dimensional. " depoimento de C., uma idosa nostálgica.