quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Da cama para barcelona.

De repente é como se a minha cama fosse uma espécie de santuário, altar, igreja, qualquer coisa do gênero. E não por que tenha acontecido milagres e bençãos, é mais uma coisa atrelada ao sofrimento e à súplica.
Tenho pedido toda noite quando me deito pra que essa inquietude passe, e passe ligeiro, coisa que eu nem sinta. É um pedido tão cheio de alma, mas é tão irônico também, na medida em que penso que nesse mesmo lugar que suplico, foi onde tanto sofri.
Um dia você está em casa, na sua cama, e se sente tão bem com o conforto e no outro se vê aprisionada por memórias perturbadoras que te atacam na madrugada quente. Era como se nada fosse acontecer, mas parece que a gente não quer enxergar quando vem vindo a catástrofe. E por mais, mais fundo que a gente tente se cegar o corpo só nos ensina a ser mortal.
E nesse momento é que percebemos o quanto o corpo, as sensações, as reações corporais falam mais alto que nossa ridícula e minúscula razão. E aí é...

Vômito
Lágrimas
Dor


o diafragma se contorcendo

Cansaço
Angústia

Mágoa


a respiração ofegante o palpitar acelerado do coração

Decepção Frustração

coisas que não
quero
ouvir
nem
dizer

A dificuldade de expressar
os sentimentos
adormecidos





E tudo isso tão aqui.
tão perto.
tão eu.
tão.



Vou jogar minha cama pela janela, pedir aposentadoria, viajar pro caribe, beber um ano seguido, compras 20 ventiladores, adestrar lagartos, caçar borboletas, enxugar meias, levar tatuagens para passear, virar um homem, trocar de pele, tocar violão debaixo do pântano, viver em comunidade de águas-vivas, namorar o pinóquio, vou ser professora de yoga no Iraque, vou pegar a Vick, a Cristina, Toda a Barcelona. Mas juro, juro, que não vou enlouquecer. Não de novo.

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