domingo, 24 de janeiro de 2010

Vida comestivel

Eu sempre odiei que a minha vida tendesse a ser cotidiana, cheia de rotinas e mesmisses. Mas, muitas vezes me parece que as pessoas buscam isso como se fosse sua mais ávida missão. Tá certo que tem rotina que é boa, que nos satisfaz, mas quem consegue nunca mudar?
Fazendo um trajeto que tenho feito a mais ou menos um mes, todos os dias, eu fico observando as pessoas, como de praxe, eu acho que esse é o meu hábito preferido, a observação humana. É sempre tudo tão igual na vida daquelas pessoas, os vendedores de fruta esperam o sinal fechar para oferecer vida comestivel por entre os carros, na esquina do cemitério. Os vendedores coco chamam todas as mulheres que passam de "princesas", imagina só se o mundo tivesse cheio de princesas... que caos seria, uma mais egocentrica que a outra. Velhinhos, como eu os amo, caminhando na praça buscando um pouco de saúde em movimento, senhoras gordas e até crianças só andando com um semblante que nem sabem qual é o fim da estrada (e quem sabe?), mas que só continuam. Keep walking. O Walter, zelador do cemitério, sempre por la, aparando a grama para que o nosso terceiro maior musel de artes romanticas a céu aberto do mundo não seja engolido pelo esquecimento.
Logo as perguntas chegam, e elas vem em avalanches, não se contentam com simplicidade. São questionamentos complexos, pra mim, por eu não ter as respostas.
Tudo o que eu vejo daquelas pessoas é só como se fosse um pedaço, uma fatia de pizza: não é a pizza completa, mas já da pra ter uma idéia de como é o resto. Mas em vez de pizza, temos vida. Já da pra imaginar que a vida deles é só aquilo, todo dia eles se condenam em fazer coisas iguais...mas e se não for? e se for, qual motivo? Fico pensando se eles não mudam o agora, porque ja mudaram demais o passado, e agora temem. É tão mais facil ter medo do que coragem, cair no comodismo do que mudar alguma coisa, deixar nas mãos dos outros do que fazer por si mesmo.
Eu desejaria até o instante da minha morte que nunca agisse assim, mas será essa a nossa sentença de morte? O que realmente determina o que é a nossa ávida missão terrestre? Bom, quando eu chegar no céu ou no inferno, ou até a mesa de um bar hoje a noite, talvez eu tenha as respostas.. talvez não.

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