sábado, 24 de abril de 2010

Mulheres indomáveis: cinzas inválidas.


" Andou sem direção, afinal se ela tivesse seguiria, mas não tinha. Parou em uma pedra de onde se via o mar, ela sabia que ele havia estado lá anteriormente. Ficou imaginando o que teria passado pela sua cabeça com aqulea visão tão bonita, ele teria pensando nela? Apesar de querer acreditar que sim, um NÃO bem grande ecoava em sua cabeça. Cansada de expectativas frustradas, ela simplesmente buscou inspiração na natureza, porque nela havia perfeição. No amor, não.
Os contornos que o mar fazia nas montanhas, o deslizar das águas nas pedras, o balanças das árvores com os ventos. Um verde que inunda a alma transbordou seus coração, mas la em um cantinho escondido ainda estavam sentimentos ruins sim, mas que faziam parte da vida afinal.
Lembrou-se de como em noites anteriores, eles estavam abraçados, rindo de besterias. Mas acabara. A busca por novos rumos era sua maior dificuldade, o que fazer quando voce anda de bengala a vida toda e sem mais nem por que sua bengala é arrancada a forças? Arrastar-se era sua única saída agora? Não, por mais que ela não andasse sozinha a muito tempo, nunca desaprendera a andar.
Lembrou-se que tinha aula de ballet e que estava potencialmete atrasada, Carolina sempre fora totalmente metódica e disciplinada. Atrasos eram inadimissiveis. Mas diante de toda a a sua vida retilinea, eis que surgia uma instabilidade. Ela nunca acreditara que qualquer coisa que fosse a abalaria tanto, calma olhou em volta. Quanto tempo fazia que ela não observava outras pessoas? Estranho pensar no isolamento que ela praticara com o resto do mundo durante os últimos anos.
O Eduardo a deixara deficiente.
Uma deficiencia que acentuou com o passar dos anos que estiveram juntos. Pra começo de conversa, assim que deram o primeiro olhar... ele a cegou. Ofuscou todas as possibilidades dela olhar para outro alguém que não fosse ele. Após a cegueira, veio a fala, que com o tempo sua voz ativa perdeu-se. E ela passou a falar através da boca dele.
Seus ouvidos também não escaparam, por que ela só ouvia o que ele tinha a dizer. E, finalmente chegamos na bengala. Seu corpo movia-se sustentado em uma begala chamada Eduardo. Seu coração quase parou de palpitar quando ela perdeu seu equilibrio.
Mas o que Eduardo não havia tocado era um pedacinho minusculo de razão que lhe restara, e ela se agarrara a esse pedaço de massa cefálica como sua última esperança.
Sem coração, sem equilibrio, as cegas... Carolina vive em um mundo cinza. Muito mais racional do que antes.
Amargurou-se de tal forma com que todas as pedras que jogassem nela fossem parte de um plano de salvação. Quando o que ela menos percebia é que não havia salvação, depois de Eduardo, agora sim: ela ja estava salva. Livre. Fora do alcance.
Quando perceberem, quando ela mesma perceber... Que mudanças se acometerão ao seu mundo cinza? Não se pode ter todas as respostas. "

Apenas reflita.

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