quarta-feira, 14 de abril de 2010

Mulheres indomáveis: insensatez embreagada.


" Mariana amava demais, imaginava demais, ria demais. Ja foi meio desesperada, meio desapontada, hoje é muito mais inteira do que metade. Se completava em Francisco como nunca antes, via como sus almas eram siméticras, o quanto eles tinham a se doar.
Mas ela não prestava, não para o que ele queria. Ela bebia, fumava, transava, cantava, dançava. Fazia o que queria e nesse momento ela queria liberdade! Queria desempedimento, compromissos falhos, não queria horários. O único problema é que Mariana não cansava de apaixonar-se. Eram padeiros, carteiros, engenheiros, advogados, publicitários, cantores, bailarinos, gays, amigos, amigas, atores, atrizes... meninos e meninas. Ninguém estava a salvo das paixões devastadoras de Mariana. E tudo isso poderia ser individual, mas na maioria das vezes era simultaneo, não se preocupava em amar só uma pessoa por saber que ela nunca conseguiria dar todo o amor que tinha dentro de si pra um só. Assim ela teria que amar até os defeitos dos outros, e isso ela respeitava, mas amar já era demais. Era assim que ela pensava, então quando estivesse amando alguém e que os defeitos começavam a lhe encomodar, ela simplesmente transferia parte do seu amor para outra pessoa.
Não se classificava como nada. Não se limitava. Mariana simplesmente, vivia. Sem juízos finais, purgatório, sem religião. Fé ela tinha, e acreditava muito nisso: apenas agradeça. O que vier a gente desdobra, ajeita, arruma. Não sabia o que pedir, nem o que esperar. Também não achava que tudo estava tão irreversívelmente decretado, como os gregos antigos. Não era tão adépta do livre arbítrio associado ao pecado. Radicalismos não tinham vez. Ela ponderava.
Mandou Francisco embora. Ou foi mandada, nem lembrava mais. Quando encontrou Antonio, Roberta, Josefa, outro Francisco, Marcelo, Emílio, João, Catarina... Gustavo. Só parou nele, talvez por alguns dias, talvez pra sempre. Mas ele estava no coração e na merda da mente dela. Não saia de la nem por decreto, também pudera, com aquela convivencia louca. Os papéis se invertiam entre eles, ela era mulher ele homem, ela homem ele mulher.
Uma ligação louca, vontade inevitavel de estar perto, de cuidar. Mas, ela estava confusa, insegura de si.. pela primeira vez, mal sabia como agir com aquele ser tão amavelmente odiavel. Cada dia ela percebia nele algo diferente, o sorriso mudara, o olho penetrava mais. Mas o pior era o beijo, ou a falta deste, quando se beijavam ela sempre clamava, quase implorava por mais. Em troca de nada, ou de um constrangimento qualquer.
O problema é que Gustavo era seu amigo. Ou a solução. Tanto melhor ou pior.. se ele nao fosse amigo talvez estivesse mais em carne, mas está mais em espirito. O que seria melhor, ter sua carne mas não te-lo sempre, ou te-lo sempre mas raramente ter pouco da sua matéria? Mariana preferia a segunda opção, mas as vezes as brazas interiores dilaceravam seus sentidos, botando o desejo em primeiro lugar! Era hora de parar. Ela não aguentava mais a falta de toque, a indiferença. O olho dele nao estava no dela quando precisava estar, quando sua pele fervia para que ele a tocasse, ele nao estava. Eram fim ou início afinal? Fim do que mal começou, ou início do que estava por vir?
Mariana não queria mais saber, hoje ela só senta no bar, bebe, bebe, fala e bebe. Faz uns trocadilhos, tira umas notas, encanta-se com a mesma facilidade que desencanta-se. Pouco importa, ela vai dar pro próximo que aparecer pra suprir a falta que ele faz, ou pra preencher o vazio que ela mesmo se acometeu. "

Apenas indentifique-se.

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